Reuniões

Relato da Reunião Mensal do Clube de Observadores de Aves de Porto Alegre e Exposição de Arte-postal 05 de outubro de 2024

No dia 05 de outubro de 2024, o Clube de Observadores de Aves de Porto Alegre (COA-POA) realizou sua penúltima reunião mensal do ano de 2024. Essa data, 05 de outubro, marca o Dia Internacional das Aves, e como parte das comemorações dessa data importantíssima para os observadores, o clube organizou uma exposição de arte-postal com o tema aves, um trabalho autoral desenvolvido por Maria do Carmo, atual vice-presidente do clube.

A reunião, assim como as demais do ano, ocorreu no Jardim Botânico de Porto Alegre e teve, em sua programação, as seguintes atividades: observação de aves, um breve relato da última saída de campo, uma exposição de arte-postal e uma palestra sobre ornitologia. Nesse dia, participaram 20 pessoas, com destaque para a presença do ornitólogo Glayson Bencky e do ornitólogo Gonçalo Ferraz, palestrante da reunião. Também é importante destacar a presença de alguns membros da diretoria vigente do clube: Maria do Carmo, vice-presidente; Lucas Nenes, diretor técnico-científico; Marcos Fischbor, diretor administrativo e financeiro; e Eduardo Korkiewicz, diretor tecnológico. Não menos importante foi a presença dos jovens observadores Kailani Boniatti e Rafael Almeida, ambos ainda crianças, mas sempre participando com tanto entusiasmo das atividades do clube, o que enche de esperança os mais experientes quanto ao futuro da observação de aves no clube. Confira um breve relato de cada atividade realizada na reunião.

Observação de Aves

O dia estava ensolarado, sem nuvens, sem vento e com a temperatura por volta de 17 graus Celsius. A observação começou por volta das 08:15, com 10 participantes inicialmente. O guia da atividade foi Lucas Nenes, membro do clube e diretor técnico-científico.

Lucas começou a atividade na parte de campo aberta do Jardim Botânico, alusiva às formações campestres no estado. Logo no início, mostrou para o grupo um carcará (Caracara plancus) pousado no topo dos eucaliptos. Com binóculos, era possível vê-lo repousado nos últimos galhos da árvore. Após a observação, o grupo continuou percorrendo o campo, e o forte canto de algumas corruíras (Troglodytes musculus) chamou a atenção de todos. Nesse momento, Glayson Bencky comentou que o canto era proveniente de três indivíduos, possivelmente marcando território.

Observação do carcará pousado no topo do eucalipto. Fotografia de Eduardo Korkiewicz

Seguindo com a observação, o grupo viu uma pomba-asa-branca (Patagioenas picazuro), uma cambacica (Coereba flaveola) e um tapicuru (Phimosus infuscatus). Mais adiante, ouviu-se, à distância, o canto de um tucão (Elaenia obscura) e de outra pomba-asa-branca. O carcará permaneceu pousado durante boa parte da observação, e Glayson comentou que esses carcarás costumam fazer ninho nos eucaliptos do Jardim Botânico e até em prédios próximos.

Depois da observação no campo, o grupo se dirigiu à ponte do lago superior. Na ponte, ouviram novamente o tucão e também observaram um suiriri (Tyrannus melancholicus) e um sabiá-poca (Turdus amaurochalinus). O suiriri estava pousado nos últimos galhos do taquaral, permitindo a plena observação. Glayson explicou que o suiriri havia chegado há menos de uma semana da migração e que estudos recentes indicam que essa espécie migra para o norte da Amazônia. Ainda na ponte, o grupo viu um aracuã-escamoso (Ortalis squamata), um sanhaço-cinzento (Thraupis sayaca), um sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris), um bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) e um beija-flor-tesoura (Eupetomena macroura). Além disso, escutaram um risadinha (Camptostoma obsoletum) e um socozinho (Butorides striata).

Glayson explicando sobre a migração do suiriri. Fotografia de Eduardo Korkiewicz

Com mais pessoas chegando, o grupo agora contava com 14 participantes. Ao sair da ponte, ouviram um tuque-pium (Elaenia parvirostris), um chupim (Molothrus bonariensis), uma mariquita (Setophaga pitiayumi), um pitiguari (Cyclarhis gujanensis) e uma saracura-do-mato (Aramides saracura). À distância, observaram um casal de gaviões-carijós (Rupornis magnirostris) voando em uma térmica. O grupo seguiu até a estrada principal do Jardim Botânico, dirigindo-se ao lago da entrada. Durante o percurso, avistaram algumas espécies, como alma-de-gato (Piaya cayana), beija-flor-dourado (Hylocharis chrysura) e beija-flor-preto (Florisuga fusca), ambos apenas sobrevoando e cantando sobre os observadores. No lago da entrada, observaram um trinca-ferro (Saltator similis) e caturritas (Myiopsitta monachus) carregando material para a construção de seus ninhos. A atividade de observação terminou por volta das 09:30, com um total de 36 espécies avistadas. Abaixo, está a lista completa das aves observadas.

Momento da observação do alma-de-gato durante a descida da estrada principal. Fotografia de Eduardo Korkiewicz

Exposição de Arte-Postal

Após a observação, o grupo retornou à escolinha do Jardim Botânico, onde se deparou com a incrível e bela exposição de arte-postal. A exposição apresentou nove painéis com 182 obras de arte-postal, todas com a temática das aves. A mostra foi parte da convocatória de arte-postal organizada por Maria do Carmo e Luiz da Silva, reunindo trabalhos de 136 artistas de 39 países. A escolha da data de exposição coincidiu com o Dia Internacional das Aves, uma data de grande importância para os observadores. Após alguns minutos admirando e conversando sobre as artes postais, o grupo se dirigiu à escolinha para dar continuidade às atividades programadas para a reunião.

Maria do Carmo junto de seu marido Luiz André da Silva. Fotografia de Eduardo Korkiewicz

Artes expostas. Fotografia de Eduado Korkiewicz

Transeuntes admirando a arte. Fotografia de Eduardo Korkiewicz

Homo sapiens sapiens admirando a simbologia. Fotografia de Eduardo Korkiewicz

Artes expostas. Fotografia de Eduardo Korkiewicz
Arte contemporânea exposta. Fotografia de Eduardo Korkiewicz

Leitura das Espécies

Por volta de 09:45, Lucas Nenes deu continuidade à programação com uma breve leitura das espécies avistadas durante a observação e, em seguida, iniciou sua apresentação sobre a última saída de campo do clube ao Parque Estadual do Turvo.

Lucas Nenes durante a leitura das espécies avistadas. Fotografia de Eduardo Korkiewicz

Relato da Saída de Campo ao Parque Estadual do Turvo

Lucas apresentou ao grupo uma série de slides com fotos das aves, dos ambientes e dos observadores durante a saída realizada entre os dias 19 e 23 de setembro. Ele destacou várias espécies observadas, como a jacutinga (Aburria jacutinga), o guaxe (Cacicus haemorrhous), o chocão-carijó (Hypoedaleus guttatus) e o gritador (Sirystes sibilator). Um dos destaques foi a observação da defesa territorial da jacutinga, descrita com detalhes por Lucas. Ele também mencionou o primeiro registro fotográfico de um gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus) no parque, capturado por Marcos Fischbor. Glayson Bencky sugeriu que a ave estava em seu segundo ano de vida e levantou a hipótese de que ela poderia ser oriunda da Argentina, em busca de um novo território.

Apresentação da saída ao parque estadual do turvo. Fotografia de Eduardo Korkiewicz

Lucas Nenes mostrando aos ouvintes uma pegada de anta observada durante a saída. Fotografia de Eduardo Korkiewicz

Palestra: “Quantas, quando, onde e por quê: análise estatística de populações de aves no Laboratório de Biologia de Populações da UFRGS”

A palestra foi ministrada pelo biólogo e professor Dr. Gonçalo Ferraz. Em uma apresentação digna de congresso, Gonçalo explicou os métodos e análises estatísticas conduzidas por sua equipe no Laboratório de Biologia de Populações da UFRGS. Ele destacou a importância da análise estatística para o estudo das populações de aves e compartilhou os principais trabalhos desenvolvidos por seu laboratório. A presença do professor Gonçalo foi uma grande honra para o COA-POA.

Gonçalo Ferraz durante sua palestra. Fotografia de Eduardo Korkiewicz

Gonçalo Ferraz durante sua palestra. Fotografia de Eduardo Korkiewicz
Lucas Nenes entregando o calendário de 2025 com temática de aves ao palestrante Gonçalo Ferraz. Fotografia de Eduardo Korkiewicz

Texto escrito por Eduardo Rigodanzo Korkiewicz

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