No dia 06 de abril de 2024 o Clube de Observadores de Aves de Porto Alegre (COA-POA) realizou a sua segunda reunião mensal presencial no ano de 2024. A reunião aconteceu no interior do Jardim Botânico de Porto Alegre e contou com a sua tradicional programação: observação de aves, relato sobre última saída de campo do clube, discussão de assuntos e uma palestra. Um fato especial consumou a importância dessa reunião, a presença de dois jornalistas do programa Terra da EPTV, afiliada da TV Globo. Os dois jornalistas, Ananda Porto e Marcelo Moraes, gravaram as atividades da reunião mensal e entrevistaram membros do clube. O motivo é a confecção de um documentário sobre os 50 anos da observação de aves no Brasil a ser exibido no dia 19 no Avistar Brasil de 2024. No ano de 2024 a observação de aves irá completar 50 anos, fruto da fundação do primeiro clube de observadores de aves no Brasil, na ocasião o próprio COA-POA. Confira um breve relato de como foi cada atividade durante a manhã do dia 06 de abril.
Observação de Aves
Dia ensolarado, sem vento e com temperaturas por volta dos 25 a 28 graus célsius. A atividade de observação começou as 8:20 no interior do Jardim Botânico de Porto Alegre, por volta de 12 pessoas, incluindo dois jornalistas, estavam presentes para a observação. Augusto Potter, guia da observação, começou a atividade com o grupo observando as aves no lago superior do Jardim Botânico. Passados alguns instantes observando as aves que estavam presentes no lago, o grupo foi para a parte aberta do Jardim Botânico, parte alusiva as formações vegetativas campestres do Rio Grande do Sul. Chegando na parte aberta, o grupo se deparou com duas marias-faceiras Syrigma sibilatrix. As duas estavam forrageando no campo, foi possível perceber isso pois as duas mantinham o corpo levemente inclinado em direção ao chão, posição referente à procura de alimentos. O grupo depois de fotografar e observar voltou novamente para o lago superior.
Novamente no lago superior, porém agora percorrendo o trajeto por cima da ponte, o grupo ficou bastante tempo observando. Os dois jornalistas ao longo de toda a atividade de observação, fotografavam e filmavam de diferentes perspectivas os observadores. Na ponte, o grupo ficou bastante tempo, possibilitando aos jornalistas fotografarem e filmarem a atividade por diferentes ângulos. Passada as filmagens, os observadores continuaram o percurso em direção a parte inferior do Jardim Botânico. Na saída do lago, um indivíduo de alma-de-gato Piaya cayana foi avistado. O indivíduo estava pulando entre os galhos da copa de uma árvore e conforme o grupo se aproximava ele foi ficando mais inerte, possibilitando a sua observação por um longo tempo.
Os observadores, então, desceram toda a rua principal do Jardim Botânico e foram em direção ao lago da entrada. Durante o caminho poucas aves foram avistadas, um grupo de caturritas Myiopsitta monachus passou sobrevoando durante a descida do grupo. No lago da entrada do Jardim Botânico poucas foram as observações, novamente os jornalistas filmaram por um longo tempo. Com horário apertado, devido as filmagens dos jornalistas, os observadores se dirigiram para a trilha da mata atlântica. Novamente poucas foram as aves avistadas, a maioria apenas foi possível escutar a vocalização, como no caso do pula-pula-assobiador Myiothlypis leucoblephara. Os observadores percorreram toda a trilha e encerram a atividade de observação por volta das 9:30.
Leitura das Espécies Observadas
Após o fim da observação, os membros presentes dirigiram-se para a escolinha do Jardim Botânico. As atividades do clube seguiram acontecendo agora no auditório do Jardim Botânico. Com um pouco de atraso, o diretor tecnológico do clube Eduardo Korkiewicz deu sequências as atividades previstas para a manhã. Eduardo agradeceu a presença de todos, lembrou da programação prevista para o dia e fez a tradicional leitura das espécies avistadas. Na ocasião, Eduardo Korkiewicz foi o responsável por elaborar a lista das aves observadas e pela leitura dela aos participantes. Posteriormente, Eduardo passou a fala para Augusto Potter, que ficou encarregado da apresentação sobre o relato da última saída de campo do clube.
Apresentação do relato da saída de campo à Morro Reuter, RS.
Augusto Potter apresentou uma série de slides contendo fotos das aves, fotos do ambiente e dos participantes da excursão à Morro Reuter do COA-POA. Augusto Potter comentou sobre a as aves observadas, destacando o registro de um indivíduo de gavião-pernilongo Geranospiza caerulescens. De acordo com Augustto, o registro do gavião aconteceu por meio de uma gravação de áudio, durante a saída os integrantes não se deram conta da presença de um gavião-pernilongo nas mediações. Foi somente chegando em casa, que o membro Jonas Muradás percebeu que havia gravado um indivíduo vocalizando de gavião-pernilongo. Ao comentar sobre a gravação, Miguel Machado, outro membro presente durante a excursão a Morro Reuter, percebeu que havia fotografado o indivíduo. Augusto também comentou sobre outras espécies avistadas e o comportamento exibido por elas, foi o caso do saí-azul, corocoxó e o surucua-variado.
Discussão sobre assuntos pertinentes ao clube
Após a apresentação de Augusto, Eduardo deu continuidade as atividades previstas na programação e abriu para discussões de assuntos pertinentes ao clube. Como foram poucos os assuntos levantados, Eduardo aproveitou para lembrar das próximas datas de atividades do clube, comentou sobre a saída prevista para a Lagoa do Peixe, lembrou da memorável inauguração das placas de identificação de aves da redenção e comentou sobre a oficina de recolhimento de lixo no parque Marechal Mascarenhas de Moraes. Outros associados discutiram sobre como seria o funcionamento da oficina de recolhimento de lixo. As conversas foram curtas e mais voltadas a se organizar e lembrar das próximas datas importantes do clube.
Apresentação de palestra ‘‘A influência do ruído antrópico na vocalização do pitiguari (Cyclarhis gujanensis)”
Encerrado as discussões, Eduardo convidou a palestrante Natalia Azambuja Biscarra Trindade a fazer a sua apresentação. Natalia é bióloga formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e faz parte do Laboratório de Evolução, Sistemática e Ecologia de Aves e Mamíferos (BiMa-Lab), onde desenvolveu o seu trabalho com a bioacústica do pitiguari Cyclarhis gujanensis sobre orientação da ornitóloga Patrícia Paludo. A sua apresentação ‘‘A influência do ruído antrópico na vocalização do pitiguari (Cyclarhis gujanensis)” trouxe os dados, metodologia e os resultados obtidos no seu trabalho. Natália coletou milhares de horas da vocalização do pitiguari em 3 diferentes localidades, cada uma representando um gradiente ambiental distinto. Com isso, Natalia pode amostrar a possível diferença em características do canto de uma mesma espécie em decorrência da forte influência da poluição sonora causada pelo homem. Natália incluiu em sua apresentação toda a sua metodologia de coleta de dados, análises e concluiu com a sua incrível conclusão. A frequência, horário e outras características de canto do pitiguari mudam conforme a localidade da população. Indivíduos em meio urbano possuem uma vocalização com frequência e horário de canto distinta da vocalização de indivíduos em um ambiente natural. Uma resposta esperada devido à forte influência dos ruídos antrópicos humanos. Natalia acrescentou inúmeras informações e conhecimento a todos os ouvintes, ao final da apresentação diversas pessoas fizeram perguntas ou incluíram outras informações.
