Saídas a Campo

Relatório saída de campo Parque Estadual de Itapeva e Dom Pedro de Alcântara

Dias 22 à 23 de julho de 2023

Observadores na sede do Parque estadual de Itapeva. (foto: Gilberto Müller)

Nos dias 22 e 23 de julho de 2023, alguns associados do Clube de Observadores de Aves de Porto Alegre visita pela terceira vez o Parque Estadual de Itapeva (PEVA) e a RPPN do Professor Batista em Dom Pedro de Alcântara, para a prática da atividade de observação de aves. O PEVA é uma unidade de conservação (UC) criada em 2002 e possui cerca de 1.000 hectares, preservando remanescentes da Mata Atlântica e um mosaico de ambientes (dunas, mata de restinga, mata paludosa, banhados, etc), também possui uma de suas faces voltadas para o mar, tratando-se de uma das poucas praias protegidas no Rio Grande do Sul, além do Parque Nacional Lagoa do Peixe.  Já em Dom Pedro de Alcantara à uma das poucas unidades de conservação sob a modalidade de RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural) do estado. A propriedade foi adquirida pelo Prof. Emérito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como forma de preservação de fragmentos florestais da Mata Atlântica. Na região de Dom Pedro de Alcantara também é possível encontrar áreas de  Floresta Ombrófila Densa e áreas abertas, como campos e banhados, criando um mosaico de ambientes onde se encontra uma grande variedade de espécies de aves e anfíbios. O grupo, que participou da expedição, saiu cedo de Porto Alegre em direção à sede do parque, às 9:00h já estávamos lá e iniciamos a Observação de Aves saindo da sede para a trilha do topo do morro de Itapeva. O dia estava agradável, poucas nuvens e temperatura em torno de 25°C. Logo na primeira curva da trilha, já avistamos um beija-flor-de-garganta-verde (Chionomesa fimbriata) (fig.01) e um gaturamo-rei (Euphonia cyanocephala), que alegrou o grupo sobre às perspectivas de novos registros importantes como estes. No entanto, quando ingressamos na parte da mata tivemos uma surpresa bem desagradável: a quantidade de mosquitos era tanta que não conseguimos parar para observar nada, tudo que a gente queria era sair de dentro daquele mato. Finalmente, saímos e avistamos o mar.

Fig. 01 – beija-flor-de-garganta-verde. (foto: Augusto Pötter

Antes de chegarmos na praia, um sabiá-do-banhado (Embernagra platensis) (fig.02) nos brindou ficando parado por muito tempo à nossa frente e deixou que aproximássemos bem perto dele, garantindo várias boas fotos para todos. No mesmo local, que vale destacar, ainda foram avistados um tico-tico-do-banhado (Donacospiza albifrons) (fig. 03) e uma guaracava-de-barriga-amarela (Elaenia flavogaster) (fig. 04). Na parte da praia havia bem poucas aves, alguns trinta-réis e piru-pirus, no entanto nas dunas vimos várias andorinhas serradoras (Stelgidopteryx ruficollis), algumas com ninhos e levando alimento aos filhotes (fig. 05). Estas aves constroem ninhos em cavidades feitas na areia, diretamente nas dunas, o que denota a importância das dunas frontais da praia para estas e outras aves como o piru-piru e mamíferos como o tuco-tuco, que também utilizam as dunas para construções dos ninhos.    

Fig. 02 – Sabiá-do-banhado (foto: Antônio Brum)
Fig. 03 – Tico-tico-do-banhado (foto: Gilberto Muller)
Fig. 04 – Guaracava-de-barriga-amarela (foto: Antônio Brum)

Fig. 05 – andorinha-serradora (foto: Augusto Pötter)

Voltamos à sede por volta das 14h e nos dirigimos para a pousada. Mais no final da tarde voltamos a percorrer a mesma trilha, indo até a praia novamente. Desta vez, os registros que valem a pena mencionar foram uma fragata e dois piru-pirus (Haematopus palliatus), um marcado com anilha vermelha T28 e outro com uma combinação de marcadores, que infelizmente não possível realizar a leitura (fig. 06 e 07), que reportamos aos pesquisadores que estão trabalhando com a biologia reprodutiva desta espécie.

Fig. 06 – Piru-piru, anilha vermelha com inscrição T28 (foto: Gilberto Muller)
Fig. 07 – Piru-piru, marcado com combinação de anilhas (foto: Augusto Pötter)

No dia seguinte, saímos cedo da pousada e nos dirigimos à Dom Pedro de Alcantara. Fizemos observações na estrada que dá acesso à cidade. Neste local, vale a pena destacar, avistamos o beija-flor-cinza (Aphantochroa cirrochloris), uma choquinha-lisa (Dysithamnus mentalis), bico-virado-carijó (Xenops rutilans) (fig.08) e um bando de tié-de-bando (Habia rubica) (fig. 09) e uma ave que só foi ouvida o capitão-saíra (Attila rufus).  Na área da mata do professor batista, nenhum registro importante foi realizado.

Próximo ao meio-dia dois integrantes do grupo resolveram retornar à Porto Alegre e os restantes decidiram visitar o santuário de Nossa Senhora de Lourdes, que fica em uma gruta existente nos paredões de arenito, presentes na região. No caminho, passamos por uma passeata de colonos, que comemoravam o dia do colono e estavam fazendo uma carreata até a festa, na cidade. Antes de chegarmos na gruta, um outro espetáculo: centenas de andorinhões-de-coleira-branca (Streptoprocne zonaris)e coleira-falha, sobrevoavam os campos e plantações de banana. Embora os muitos degraus para subir até à imagem da santa, valeu a pena, além da visão espetacular que se tem de lá e a beleza do lugar, há nos paredões da gruta muitos ninhos de andorinhas-pequenas-de-casa, que rendeu lindas fotos e bem pertinho delas. Na volta o grupo resolveu ir na festa para almoçar antes de retornar para Porto Alegre (confira anexo fotográfico).

Fig. 08 – tiê-de-bando (foto: Gilberto Muller)
Fig. 09 – bico-virado-carijó (foto: Augusto Pötter)

Participaram da saída 7 observadores, citados abaixo, e foram registradas 63 espécies de aves, conforme lista completa anexa e postada no e-bird.

Lista dos participantes

Antonio Brum / Augusto Potter / Jurema Josefa da Silva / Lourenço Berger Divan

Gilberto S. Muller / Vanessa Canabarro / Rosemarie Berger

Relatório elaborado por: Antônio Coimbra de Brum

Revisão: Lucas Nenes

O relatório completo com a lista das aves registradas e mais fotos, pode ser baixado aqui.

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