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Apoio a Projeto de Pesquisa com o Maçarico-de-papo-vermelho.

Por Antônio Brum

Desde o ano de 2020 o Clube de Observadores de Aves de Porto Alegre (COA-POA) vem apoiando um projeto de pesquisa que envolve o monitoramento da espécie Calidris canutus (maçarico-de-papo-vermelho) no Litoral Médio do Rio Grande do Sul e Parque Nacional da Lagoa do Peixe.

O Projeto é coordenado pela professora Dra. Maria Virginia Petry, do Laboratório de Ornitologia e Animais Marinhos da Unisinos – LOAM, em parceria com a instituição americana Wildlife Restoration Partnership e Conserve Wildlife Foundation de New Jersey (EUA), coordenados pelos pesquisadores Dr. Lawrence Joseph Niles (Larry Niles) e a doutoranda Stephanie Feigin.

Entre os objetivos do estudo estão: o levantamento do tamanho da população da espécie que utiliza o litoral gaúcho como local de descanso e para alimentação; a colocação de rastreadores de alta tecnologia como transmissores solares por satélite (Sunbird e Pinpoints-75, produzidos pela Lotek-Ontário_Canadá), com a finalidade de identificar rotas migratórias da espécie; contaminação por parasitas e vírus; investigação das condições físicas das aves e do seu habitat e a fenologia migratória desta espécie.

Com isto, espera-se levantar dados que contribuam para o entendimento dos processos ecológicos da espécie e sirvam para adoção de medidas mitigatórias para a sua conservação e conservação das áreas cruciais para as aves limícolas.

A pesquisa tem sido financiada pelas organizações americanas e os dados levantados servirão para elaboração de tese dos alunos de doutorado Antônio Coimbra de Brum (do Programa de Pós-graduação em Biologia da Unisinos) e Stephanie Feigin (da Universidade de Rutgers dos EUA). Antônio ainda recebeu bolsa integral do CNPQ durante a realização do mestrado e agora recebe bolsa integral da CAPES para o doutorado.

Stephanie e Antônio fixando transmissor em indivíduo de maçarico-de-papo-vermelho. Foto: Julia Finger

O apoio do COA-POA se dá pelo recebimento e administração dos valores enviados pelos parceiros americanos, no projeto, para financiamento das atividades de campo e levantamento dos dados.

Assim, no final do mês de março e início de maio de cada ano, período que as aves estão migrando de suas áreas de invernada no sul da Argentina para suas áreas de reprodução que se localizam no Ártico Canadense, os alunos da Unisinos juntam-se com os pesquisadores americanos para realizarem as campanhas de campo, no litoral do Rio Grande Sul, onde as aves são capturadas, marcadas e realizado o levantamento dos dados. 

Da esquerda para a direita: Lori Talbot, Maria Virginia Petry, Larry Niles, Antônio Brum, Mateus Hass, Victória Becker, Victória Benemann, Kieth Talbot, Stephanie Fiegin e Julia Finger. 

O último campo de captura ocorreu entre os dias 12 a 18 de abril de 2023 e o próximo está previsto para o mês de abril de 2024.

Equipe de pesquisadores realizando a coleta de amostras em campo. Foto: Julia Finger.
Colocação de Box net para captura das aves. Foto: Victoria Becker.

Um pouco sobre a espécie.

O maçarico-de-papo-vermelho é uma ave migratória de longas distâncias que se desloca desde suas áreas de reprodução na região do Ártico Canadense e passa, entre outros locais, na Baía James (Canadá), Baía de Delaware (Estados Unidos), Reentrâncias Maranhenses – MA, Litoral Médio e Lagoa do Peixe – RS (Brasil) até chegar nas áreas de invernada na Terra do Fogo (Chile e Argentina). Para completar este percurso a ave chega a voar 15.000km, isto significa que para completar o seu ciclo de vida ela pode voar até mais de 30.000km por ano.

No litoral do Rio Grande do Sul ela está presente entre os meses de março a maio e setembro a dezembro, que são os meses de migração da espécie, sendo que alguns indivíduos podem permanecer fora desses meses, mas em pouca quantidade.

Existe uma grande preocupação com essa espécie em virtude da diminuição da população que vem ocorrendo nas últimas décadas, chegando à proporção de até 75% da população total da espécie, colocando-a entre as espécies mais ameaçadas.

As principais causas apontadas para essa redução é a perda de habitat, por ações antrópicas como ocupação e contaminação, desequilíbrio ecológico pela exploração econômicas de suas presas, especialmente o Carangueijo-ferradura (Limulus polyphemus) na Baía de Delaware nos EUA e efeitos climáticos que interferem nas suas áreas de reprodução e de invernada. Deste modo, o monitoramento dos ambientes, por onde passam os maçaricos-de-papo-vermelho, é crucial para a conservação da espécie, no que denota a importância do projeto citado e o COA-POA se sente lisonjeado por poder contribuir e apoiar com as equipes de pesquisadores, para que este trabalho não se interrompa.

Maçarico-de-papo-vermelho no Litoral Médio do RS portanto transmissor. Foto: Antônio Brum.
Bando de maçarico-de-papo-vermelho alimentando-se na praia do litoral do Rio Grande do Sul. Foto: Antônio Brum.

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